“Nossa rede nunca quis ser um atacado que somente gere lucro” – Entrevista com Rede Hipermac

No contrato social, consta 2 de fevereiro de 2007 como a data de inauguração da Rede Hipermac, na cidade de Rio do Sul (SC). No entanto, os trabalhos começaram ainda em 2006, quando um grupo de lojistas decidiu se unir para aproveitar os benefícios que o associativismo pode proporcionar.

A rede, que é um símbolo do Alto Vale do Itajaí – localidade formada por um conjunto de rios e situada a apenas 180 km da capital –, tem 17 lojas afiliadas e atua exclusivamente nessa região.

Dando sequência à seção “Nossas redes têm história”, na qual contaremos a trajetória dos associados da Febramat, entrevistamos o gestor da Rede Hipermac, Evandro João Pereira. Ele fala sobre os 19 anos da rede, comenta os desafios antigos e atuais de nosso segmento e ainda indica a importância de não atuar de forma individual em um mercado tão competitivo.

Pra começar: por qual motivo a rede foi criada?
Os principais motivos foram a troca de experiências e união em um objetivo comum, visando ao crescimento coletivo. Com isso, buscou-se melhores tratativas comerciais para evitar a presença um tanto predatória de grandes lojas que abriam filiais na região.

Quais foram os desafios enfrentados nos primeiros anos da rede?
Foram em relação à união de todas as partes envolvidas. Isso porque, apesar de a região ser pequena, há uma grande diferença cultural de cidade para cidade, e isso se reflete no processo de compra. Há municípios em que as lojas têm muito mais atrativos, como bazar, por exemplo; há outros nas quais itens voltados para a agricultura são mais procurados, e assim por diante. Dessa forma, uniformizar os interesses de culturas, gerações e poder aquisitivo diferentes sempre foi um desafio.

Além disso, existem as intempéries. Nossa região constantemente é assolada por cheias – chegamos a perder quase todo o estoque de um centro de distribuição em 2011. Hoje, resolvida essa questão dos costumes locais, algumas lojas ainda encaram problemas com cheias. E, quando isso não ocorre, tem o escoamento da indústria para as lojas, que prejudica bastante.

É possível comparar os desafios enfrentados no início com os encarados hoje?
Quase mais difícil do que crescer, é permanecer evoluindo. Nossa rede nunca quis, e não faz parte da sua missão, ser um atacado que somente gere lucro. A rede se considera um ideal associativista, com foco para que os associados, com suas lojas, tenham resultado lá na ponta, no balcão. Dito isso, há muitas lojas que deixaram a rede, que cresceram o suficiente para tentar andar sozinhas e quase chegaram a se tornar concorrentes. Isso acontece porque em algum momento interesses individuais superam o coletivo, e o associativismo deixa de ser prioridade. Mas seguimos fazendo novos parceiros. O grande desafio é permanecer fornecendo combustível e novidades, além de mix e preço, para que as lojas associadas continuem aproveitando os benefícios de estar em uma rede.

Se você pudesse apontar alguns momentos importantes na história de quase vinte anos da rede, quais seriam?
Um dos pontos altos, sem dúvida, foi a aquisição de um centro de distribuição próprio. Atualmente, a rede possui uma propriedade bastante grande, com um galpão cujo tamanho é suficiente para atender a todos, com muito espaço para armazenamento e manobras.

Centro de distribuição antigo
Centro de distribuição atual

Um grande case de sucesso é a história de um de nossos presidentes anteriores – Rafael Sebold, que também foi presidente da Febramat. A trajetória dele é amplamente conhecida, sempre inspiradora. Ele se viu à frente dos negócios da família, uma madeireira, após o falecimento do pai. Com muito suor – e inclusive nadando contra a maré, ao sair do centro da cidade para buscar a periferia –, conta hoje com uma das lojas mais belas e modernas da rede, sem abrir mão da madeireira e de vários outros empreendimentos na região que escolheu, mesmo com muita gente dizendo que seria uma manobra fadada ao fracasso. Depois de fazer parte da rede, o crescimento de seus negócios foi exponencial – e não apenas os negócios, mas o Rafael enquanto pessoa também se tornou referência de empreendedorismo.

Como é a gerência da Rede Hipermac hoje em dia?
Eu sou o gestor e tenho uma longa trajetória com administração de pessoas e processos. Nosso presidente é o Sr. Delano Regis Junckes, proprietário da Agropecuária e Materiais de Construção Junckes, de Santa Terezinha, a maior loja da rede.

Para vocês, por que é importante fazer parte da Febramat?
Estar na Febramat é um benefício intangível, as vantagens são difíceis de mensurar. As trocas de experiências, as novidades para estar na vanguarda do mercado, a exposição a grandes fornecedores interessados em negociar: tudo isso é algo em que não se põe um preço. Além disso, os treinamentos, as consultorias diversas, motivam a nossa rede a sempre buscar esse diferencial associativista que a Febramat representa.

Gostaria de deixar uma mensagem final ao setor?
Hoje, a Rede Hipermac é mais do que um centro de distribuição e suas lojas: ela é uma identidade regional conhecida e respeitada. Há, entre os associados, figuras públicas que ajudam na sociedade, apoiam causas assistenciais. Além de lojas, há construtoras, transportadoras, prestadores de serviços diversos que não apenas vendem areia, brita, cimento, mas constroem escolas, unidades da Apae, apoiam igrejas, Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL), prefeituras. A Hipermac, mais do que uma rede, é um baluarte social nos municípios onde atua.

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