“A gente vem construindo um modelo para todos os segmentos” – entrevista com Claudio Pacheco sobre associativismo

No próximo dia 12, será realizado em Brasília um encontro para a discussão do futuro do associativismo no Brasil, contando com a presença da Febramat e de importantes nomes do empresariado e da política brasileira. A reunião discutirá o Projeto de Lei Complementar nº 57/2021, que visa a regulamentar as centrais de negócios, além de celebrar o sucesso do Projeto Vamos!, que entra em sua reta final. Realizado desde 2018 em parceria com a entidade alemã Der Mittelstandsverbund ZGV, o projeto visa a fortalecer a estrutura da Febramat.

Seguindo com a série de entrevistas para relembrar as atividades organizadas ao longo de quase seis anos do Projeto Vamos!, o portal Febramat conversa agora com o diretor de Relações Governamentais da entidade, Cláudio Pacheco. Responsável pela interlocução dos interesses da Febramat e do setor de matcon com as esferas do governo nacional, Pacheco está no segmento há quase trinta anos, tendo ajudado a fundar a entidade.

Você sempre defende a importância de o setor estar representado politicamente. Quais seriam os principais avanços obtidos desde o início do trabalho de interlocução política?

Esse trabalho é uma quebra de paradigma. A gente vem construindo um modelo que não é só para os materiais de construção, mas sim para todos os segmentos. Um dos grandes trabalhos é que o PLP 57 continue na pauta, com esperança da aprovação. Para que esse modelo do associativismo empresarial seja aprovado, trabalhamos para que o projeto caminhe, tramite. Já estamos na segunda comissão, e acreditamos que possa avançar mais.

O que de bom fica para as redes associadas envolvidas no Projeto Vamos!?

Tenho certeza de que o projeto foi bom para todos. Assim como será o PLP 57, que é o reconhecimento desse modelo para todo o Brasil. Depois que o projeto for aprovado, seguiremos na missão de fazer com que ele realmente aconteça, que outros segmentos se abracem e que percamos a individualidade. Tenho um amigo que é da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), o Edson Tamascia, que fala que, em pouco tempo, o modelo individual não terá espaço porque vai ser engolido: estarão no mercado os “grandes” ou as lojas dentro do modelo associativista. Não acredito em um negócio ser tocado, hoje, sem esse modelo.

Durante o Projeto Vamos!, a diretoria Febramat teve a oportunidade de vivenciar o associativismo alemão. Qual o balanço do que pôde ser aplicado no Brasil?

Na Alemanha, foi feita a quebra do paradigma de olhar só ao seu próprio umbigo, oferecendo uma visão do macro, de onde podemos chegar. Então, o projeto teve a missão de nos encorajar, nos dar a experiência que eles criaram – afinal são mais de 100 anos trabalhando no modelo associativista por lá. E vale ressaltar que a Alemanha é a terceira maior potência econômica do mundo. Muitos empresários não conhecem ou não acreditam nessa potencialidade do modelo, mas ele vai ganhar musculatura, vai crescendo… Em mais cinco ou dez anos, esse modelo vai ser essencial para a evolução do nosso comércio.

O Dr. Ludwig Veltmann, da Der Mittelstandsverbund ZGV, deixará a direção da entidade alemã. Qual seria o maior legado dele?

O Dr. Veltmann ficou na entidade por mais de vinte anos e consolidou a federação alemã em uma grande entidade, abrindo canais de interlocução com o governo – e é isso que nós estamos fazendo aqui. Ele é um executivo dedicado, e nos deu a oportunidade de convivermos com ele, mostrando o desejo de fazer com que o associativismo realmente cresça não só na Alemanha, mas no mundo todo. O projeto foi uma vontade dele e nós temos só a agradecer pela oportunidade.

Com o encerramento do Projeto Vamos! até o fim deste ano, há previsão de novas iniciativas desse porte?

Acho que temos a possibilidade de incentivar laços de amizade e trocas de experiências nas entidades. O projeto teve incentivo financeiro, ou seja, de agora em diante, termina um investimento, mas o canal de contato com a entidade alemã deve continuar. Temos uma visão de, quem sabe, criar uma entidade multisetorial. O que precisamos agora é executar o que já estava planejado.

Quando falamos em micro e pequenas empresas, lembramos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Qual o papel da instituição nesse processo?

Não temos como não falar em Sebrae, que foi precursor do nosso modelo. Quando a gente começou há trinta anos, foi um trabalho feito em parceria com a instituição. Que o Sebrae continue sendo esse incubador de novas redes.

Por fim, existe futuro para as micro, pequenas e médias lojas fora do sistema associativista?

Não acredito em um negócio ser tocado sem estar dentro desse modelo.

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