Uma construção civil pujante é boa para todos os elos dessa cadeia, incluindo o de matcon, que lida diretamente com o consumidor final. Por isso, é importante estar atento ao que foi debatido durante a 15ª edição do Congresso Brasileiro da Construção (ConstruBusiness), organizado no dia 30 de outubro pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em sua sede, na capital paulista.
O encontro, transmitido ao vivo pelo canal da entidade no YouTube, reuniu lideranças de todo o País, além de autoridades e especialistas. O objetivo era analisar quais fatores podem levar o segmento de volta a um crescimento constante e sustentável, passando por temas relevantes da atualidade, como déficit habitacional, investimentos e reforma tributária.
Estrada longa
Alguns dados apresentados durante o congresso mostram o quão longo é o caminho para o desenvolvimento:
- Dados de um estudo da Associação Brasileira da Indústria de Base (Abidib) revelam que o Brasil precisaria investir cerca de R$ 350 bilhões por ano, ao longo de toda a próxima década, para fazer com que o estoque de capital de infraestrutura volte ao patamar atingido no passado. Hoje em dia, investimentos nessa área são de R$ 130 bilhões;
- A indústria de transformação também sofre com os baixos investimentos, na marca de R$ 260 bilhões – valor muito menor que os R$ 450 bilhões anuais investidos na época em que a produtividade brasileira tinha como referência a indústria dos Estados Unidos;
- A necessidade de investimentos na construção atingiu o menor valor em vinte anos.
Luz no fim do túnel
Por outro lado, apesar das más notícias, há espaço para a retomada. De acordo com o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, o déficit habitacional no Brasil está entre 5 milhões e 7 milhões de unidades residenciais. Isso mostra que existe trabalho a ser feito por toda a cadeia. Porém, para fazer a roda girar, é preciso alinhar questões como redução de impostos, desburocratização e consonância entre os investimentos público e privado.
A burocracia, por exemplo, cria gastos que poderiam se tornam mais aplicações no setor: segundo cálculos da empresa de consultoria e auditoria Deloitte, esse problema tão comum em nosso país deve encarecer em mais de R$ 59 bilhões os investimentos programados para o triênio 2023-2025.
Em relação à reforma tributária, ela demorou mais tempo que o necessário para tramitar na Câmara e no Senado, de acordo com o presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, Eduardo Capobianco. A economista Ana Maria Castelo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), defendeu que alguns segmentos sejam favorecidos por meio de arranjos tributários. “A reforma traz a possibilidade de garantir a isonomia, mas existe também a preocupação de que as especificidades setoriais não promovam aumento da carga tributária”, explicou durante sua fala – afinal, quanto maior a tributação, mais caros ficam os produtos.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Rodrigo Navarro, também participou do congresso. Ele defendeu a simplificação na cobrança de impostos, considerando atenção especial aos regimes específicos de tributação e aos incentivos fiscais setoriais.
*Informações retiradas da cobertura da Afeal sobre o evento, do caderno técnico do 15º ConstruBusiness e da gravação do evento, disponível no YouTube