Mulheres no topo: as histórias de profissionais que exercem liderança nas redes de materiais de construção

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ouvimos profissionais que ocupam cargos de liderança no setor de matcon para entender suas jornadas. São pessoas com origens, histórias e trajetórias diferentes, mas que têm em comum a competência e a força de vontade para realizar seus sonhos.

A predominância masculina não é uma exclusividade do nosso segmento. No Brasil, em média, mulheres ganham 20,5% a menos do que os homens, segundo levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE. No ano passado, em todo o mundo, das mulheres que buscavam uma ocupação, 15% não conseguiram, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O percentual de homens na mesma situação é menor, 10,5%.

Reconhecer essa disparidade é um caminho para que se alcance a equidade. A Febramat, aliás, está preparando ações pensadas exclusivamente para as mulheres – aguarde as novidades. Enquanto isso, vale ler os relatos a seguir, se inspirar e trabalhar muito para transformar nosso setor e sociedade em ambientes com igualdade, sem barreiras para as mulheres se desenvolverem.

 
Diljandi Farias da Cunha, presidente da Rede Fácil Construção (PB) e proprietária da loja Rede Fácil Feirão da Construção

“Iniciei na atividade em 1994, com uma pequena loja de materiais de construção. Antes, eu era bancária. No começo tive muita dificuldade por conta dos clientes, a maioria homens. Eles não acreditavam no que uma mulher indicava para suas obras.

Diante dessa dificuldade, investi em bons vendedores, enquanto me dedicava mais às compras e financeiro. Foi dando certo e participei da fundação da Rede PB Construção, em parceria com o Sebrae-PB. Passamos alguns anos para entender o perfil dos associados e para administrar com eficiência a rede até que, tempos depois, nos juntamos à Rede Fácil Construção, da qual hoje sou a presidente. Somos, hoje, uma das redes que mais cresce no país em gestão. Além disso, tenho outras empresas, que caminham em paralelo.

Recomendo às mulheres que se envolvam no negócio de matcon, porque hoje nós estamos em outro patamar! Somos valorizadas e reconhecidas como parte muito Importante de qualquer empresa, pelo nosso feeling para gerir pessoas e negócios, sabedoria, sensibilidade etc. Todas essas características tornam a empresa mais completa e mais forte para enfrentar os desafios e vencer.”

Fabiana Luiza, gestora da Rede Centersul (MT)

“Comecei no setor em abril de 2018. Antes de vir para a Centersul, morava no interior do estado do Mato Grosso e trabalhava no escritório de uma transportadora de gado, em um ambiente totalmente masculino. Assim, não senti muita diferença quando comecei na área de materiais de construção.

A maior dificuldade foi, mesmo, profissional. Era um segmento novo, eu não tinha nenhuma experiência no matcon, e ainda precisava me adaptar à vida corrida da ‘cidade grande’. O que me ajudou é que eu sempre fiz além do que me era delegado. Por vezes, fiquei até mais tarde para conhecer o sistema e me concentrar nas tarefas que não conseguia executar durante a jornada de trabalho. Nesse processo, conheci muitas pessoas e desenvolvi relacionamentos baseados em confiança e respeito.

Após um ano e meio na Rede, surgiu a necessidade de contratar uma pessoa para a área de compras. Ao invés de contratarem, me deram a oportunidade: sempre fui dedicada, pontual, não faltava (e não falto), então, sim, eu merecia estar ali!

Depois de um tempo, a Rede precisou contratar um novo gestor. Essa pessoa veio, mas não deu certo. Como sempre fui o ‘severino’ daqui, ou seja, dominava o sistema, já tinha trabalhado no financeiro, com compras, conhecia todos os lojistas, a maioria dos fornecedores e sempre estava ali para ajudar a resolver problemas e superar as dificuldades, mais uma vez a oportunidade bateu em minha porta. Agarrei essa oportunidade com unhas e dentes e a Rede evoluiu – foi de 26 lojas para 60 em menos de um ano.

Quando me perguntam sobre preconceito, digo que ele sempre existe. No geral, não nos dão credibilidade em algumas situações. Mas acredito que tudo isso é superado quando você se dedica e faz seu trabalho bem feito. Para as mulheres que estão começando agora no setor, digo que não desistam de lutar por seus ideais e que façam tudo com dedicação. Tenham muita paciência para superar as adversidades desse mundo masculino. Assim, vocês certamente ganharão o respeito e a admiração de todos.”

Luciana Martins, presidente da Rede Construvip Litoral (SP) e gerente comercial da Market Materiais para Construção

Eu nasci no ramo, correndo por trás dos balcões da loja do meu pai e brincando de Lego com as conexões de hidráulica. Na adolescência, por causa dos estudos, cursos e, principalmente, porque cresci ouvindo meu pai dizer que a construção não era ramo para mulheres, me afastei da empresa.

Ao concluir meus estudos, fui lecionar na escola de inglês em que estudei e assumi a gerência da franquia da minha cidade. Passados alguns anos, em uma reunião de família, meu pai perguntou para mim e meus irmãos se teríamos interesse na empresa, pois ele estava com a intenção de se aposentar. Se não tivéssemos, ele venderia a loja ou liquidaria.

Larguei a gerência da franquia, grávida de 8 meses, e assumi a loja. Estou há 30 anos neste mercado e muito feliz com minha escolha. Dá pra escrever um livro só com as dificuldades que passei, mas valeu a pena.

Conselho? Trabalhe com o que você ama fazer, no que acredita, e nenhuma barreira, pessoa ou preconceito vai ser capaz de te parar.”

Siomara Damasceno de Oliveira, sócia-fundadora da rede TopLar (DF) e CEO da Colonial Materiais para Construção

“Estou há 24 anos no ramo de matcon. Comecei muito cedo, aos 16 anos. Meu pai, um funcionário público, abriu a loja para mim porque queria que eu seguisse um caminho diferente.

Empreender desde cedo foi um desafio muito grande. Além de nova, eu tinha pouca formação em administração, visto que ainda frequentava a escola quando a loja abriu. Um dia, percebi que um bom caminho para divulgar a loja seria por meio das redes sociais. Comecei pelo Facebook e depois cheguei ao Instagram. Hoje, tenho o maior canal de gestão de lojas de materiais de construção do YouTube. As redes sociais não só servem de vitrine para a loja, mas me fizeram virar referência no meu bairro e cidade.

Acredito que o mercado de materiais para construção necessita de mais mulheres à frente do varejo. Nós somos dinâmicas e superamos desafios com maestria.”

Yara Bráz, diretora de Projetos da Rede Fácil Construção (PB)

“Pelo fato de o setor ser composto predominantemente por homens, é natural que a construção da figura feminina na área seja mais desafiadora. Afinal, para essa consolidação, foi necessário realizar diversas desconstruções. 

Mesmo diante de todos os desafios, saber que o ambiente ideal para crescimento e desenvoltura é criado por nós mesmos me ajudou muito nessa jornada, iniciada em 2015. Superei as barreiras criando e aproveitando as oportunidades que socialmente outrora não caberiam às mulheres, sem retroceder ou me prender a conceitos pré-concebidos. Tornei-me parte do meio, sem alimentar a distinção e nem a busca desenfreada pela igualdade, mas, sim, pela equidade.

Avante, mulheres! Criem os seus próprios lugares. A caixinha social criada para distinguir, limitar e paralisar existe apenas no consciente de quem a originou. Desconheça os limites do crescimento com força, coragem e determinação. Existe uma jornada incrível a ser desfrutada por quem se atrever a vivê-la. Seu lugar é onde você escolhe estar e no matcon há espaço para você!”

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